sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A segunda aparição das caixas de papelão

No exato momento em que Otaviano estava devolvendo as cinco caixas de papelão ao lugar em que as encontrara, entrou na casa o corretor acompanhado pelo casal Virgílio Mota Neto e sua esposa Clarice. Os funcionários da empresa de mudança contratada por Otaviano já haviam carregado o caminhão e estavam prestes a partir. Virgílio olhou para as cinco caixas de papelão no meio da sala, olhou para Otaviano.  Antes que pudesse formular a pergunta estampada em seu rosto, Otaviano respondeu:
- Encontrei essas cinco caixas vazias aqui quando nos mudamos para cá. Estou apenas devolvendo o que não é meu.
- Mas não tenho utilidade para elas. Trarei minhas próprias caixas – rebateu Virgílio.
- Então jogue as fora. Recicle-as. Queime-as. Não me importo. Agora são suas.
- Tecnicamente, não – retrucou Virgílio, - se não forem suas, não tem o direito de dá-las para mim.
Cecília, conhecedora do temperamento de seu marido e, por isso, ciente da briga iminente, puxou o marido pelo braço e disse: - Cuidaremos dessas caixas mais tarde. Nem sabemos ainda se ficaremos aqui. Vamos, quero ver a casa.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A primeira aparição das caixas de papelão

A primeira aparição das caixas de papelão passou despercebida. Henrique Dobson Malatesta, ao mudar-se para outra cidade, levou consigo sua mulher, seus filhos e todas as lembranças acumuladas durante os anos, mas deixou para trás em sua casa antiga duas caixas de papelão vazias.
Quando o novo inquilino, Otaviano Serápio de Melo, entrou na sala de seu futuro lar, deparou-se com cinco caixas de papelão. Inspecionou-as, constatou que estavam vazias, mas, por ser um homem de caráter inquestionável, entrou em contato com o agente imobiliário e pediu-lhe o telefone do antigo inquilino. Ligou para o senhor Henrique Malatesta e informou: