Lesarten

Der Akkordeonist vor der Brüsseler Kathedrale

Autor: Odile Kennel

Der Akkordeonist vor der
Brüsseler Kathedrale

In Brüssel hätte ich alles
erwartet, die Reprise
alter Geschichten
eine Nacht an der Seite
von J.C., Regen
zu wenig Schlaf
Plaudereien mit Taxifahrern
und Arabern, nicht aber
diesen zwanzigjährigen
Akkordeonisten
blond und bartlos
stattlich und schmutzig
vor der Kathedrale
ja, der Brüsseler
dem ich 2 Euro gab
verführerische, flüchtige
Berührung seiner Hand
und meiner Finger
die sich über ihr
wölbten, öffneten
nach einem kontemplativen
luxuriösen Hin und Her
meines Blicks zwischen
der blonden, bartlosen
Kathedrale und dem stattlichen
schmutzigen Akkordeonisten
den ich 20 Minuten
die mir wie seine 20

Jahre erschienen, nicht
wagte nach seinem Namen
zu fragen, mir ausmalte
wie es wäre, ihn zu filmen
mit der Kamera
die im Berlimbus
geblieben war
ihn mir als Fotoserie
vorstellte, deren Nutzungsrechte
der Akt-Fotograf
mir überlassen hätte
so dass ich ihn
wenigstens
auf diese Weise
besäße, den bartlosen
stattlichen Akkordeonisten
den ich heute
in meinen Drüsen
taufe und von nun an
Loïc oder vielleicht
Guillaume nenne
bis ans Ende meiner Tage
weil ich die Eier
nicht hatte, ihn
nach dem Namen zu fragen
und deshalb, wertester
Loïc oder Guillaume
mit deinen schmutzigen
akkordeonistischen 20 Jahren
widme ich dir
diese 2 Euro
und eine Erektion.

Odile Kennel

Gedicht: (*1977)

Autor: Ricardo Domeneck

O acordeonista da Catedral
de Bruxelas


De Bruxelas, eu
esperava tudo, talvez
a reprise
do que ali já vivera,
uma noite
ao lado de J.C.,
chuva e cansaço,
conversas com taxistas
e árabes, mas não
este acordeonista
de 20 anos
diante da Catedral,
sim, a de Bruxelas,
loiro e imberbe,
alto e imundo,
a quem doei 2 euros
num excitativo segundo
de tato entre sua mão
e meus dedos fechados
abrindo-se em bojo
sobre sua palma,
após fazer com a visão
o rodízio
contemplativo e luxurioso,
alternando o foco
entre a catedral
imberbe e loira
e o acordeonista

alto e imundo,
a quem ensaiei,
por 20 minutos
que pareceram durar
seus 20 anos,
perguntar seu nome,
quiçá filmá-lo
com a câmera que deixara
no Berlimbo,
ou imaginá-lo fotografado
em série
por qualquer fotógrafo
íntimo que me cedesse
os direitos autorais
desta imagem loira,
imunda,
para que eu de alguma forma
possuísse
este acordeonista imberbe e alto
a quem então batizo
em minhas glândulas
e passarei a chamar de Loïc
ou Guillaume
pelo resto dos meus dias
após falhar em criar os colhões
para pedir seu nome,
e é assim, sr. Loïc ou Guillaume
aos 20 anos imundo
e acordeonista, que a você
eu dedico
estes 2 euros
e uma ereção.


Aus: Körper: Ein Handbuch, Verlagshaus J. Frank Berlin 2013